Tifanny Abreu, a primeira transexual a disputar uma partida da Superliga de Vôlei do Brasil, criticou a decisão da Federação Internacional de Atletismo (World Athletics) de proibir “mulheres transgênero” de participar de provas internacionais nas categorias femininas.
“Isso se chama exclusão de mulheres”, afirmou Tifanny, em live nas redes sociais. “O homem pode tudo. Estão nos impedindo de ter nosso direito, nosso espaço. Repudio essa nova regra da Federação Internacional de Atletismo. Espero que vocês revejam toda essa regra. Vamos lutar sempre.”
Tifanny qualificou a World Athletics como “machista” e disse que decisões como a adotada pela Federação Internacional de Atletismo afetam apenas as mulheres. Ela considera que a participação de homens transgênero (mulheres biológicas) em categorias masculinas não gera a mesma repercussão.
“O machismo é muito grande”, observou a jogadora de vôlei. “A mulher não pode ser presidente, não pode ser CEO. Um homem trans pode vencer um homem cis [pessoa que nasceu do sexo masculino], mas a mulher não pode. A palavra transfobia significa medo. Medo do que você não conhece. Muito triste para mim, por saber que minhas ‘manas’ do atletismo não estão de fora.”
“Justiça para as atletas femininas”
Na quinta-feira 23, a Federação Internacional de Atletismo anunciou que as “mulheres trans” estão proibidas de disputar eventos internacionais na categoria feminina. A decisão entra em vigor em 31 de março deste ano.
“Decisões que envolvam necessidades e direitos conflitantes entre grupos distintos são sempre difíceis”, disse o presidente da World Athletics, Sebastian Coe, ao mencionar que a norma sobre “mulheres trans” não é definitiva. “Continuaremos com a visão de que devemos manter a justiça para as atletas femininas acima de todas as outras considerações. Vamos nos guiar pela ciência, no tocante à performance física e à vantagem masculina, que, inevitavelmente, se desenvolverá nos próximos anos.”