Camila Jara distorce fala de Bolsonaro sobre a Lei da Ficha Limpa para atacá-lo

Foto: Reprodução / Web

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar a Lei da Ficha Limpa, defendendo sua revisão como forma de evitar perseguições políticas. A declaração, feita em vídeo publicado nas redes sociais na última sexta-feira (7), foi rapidamente distorcida por opositores, incluindo a deputada federal Camila Jara (PT), que tentou transformar a fala do ex-presidente em uma confissão de culpa.

Bolsonaro afirmou que a legislação tem sido usada seletivamente para atingir adversários políticos, especialmente figuras da direita. Ele também destacou que a decisão sobre a elegibilidade dos candidatos deveria estar nas mãos do eleitor, e não de tribunais que podem ser politicamente motivados.

“Eu sou até radical: o ideal seria revogar essa lei, que assim não vai perseguir mais ninguém, e quem decide se vai eleger ou não o candidato é você”, declarou Bolsonaro. O ex-presidente, que está inelegível até 2030 após duas condenações pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), vê na revisão da lei uma forma de impedir o uso da Justiça para retirar adversários da disputa eleitoral.

Sem perder tempo, Camila Jara usou as redes sociais para distorcer o contexto da fala, alegando que Bolsonaro teria admitido ser “ficha suja”. A deputada petista afirmou que os aliados do ex-presidente querem derrubar a Lei da Ficha Limpa para permitir sua candidatura, independentemente dos “crimes que cometeu”.

A estratégia da esquerda de associar qualquer questionamento da Lei da Ficha Limpa à corrupção ignora o fato de que muitos juristas e parlamentares, inclusive de diferentes espectros políticos, já apontaram falhas na legislação. O próprio presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), reconheceu que o prazo de inelegibilidade de oito anos pode ser excessivo, mas afirmou que não há compromisso da Casa em promover mudanças.

Bolsonaro minimizou suas condenações e voltou a criticar o uso político das decisões judiciais. “Reunir-se com embaixadores? Após o desfile, ocupar um carro de som e fazer um pronunciamento? Abuso de poder político e abuso de poder econômico? Ou seja, a Lei da Ficha Limpa hoje em dia serve apenas para uma coisa: para que se persiga os políticos de direita”, declarou.

A Lei da Ficha Limpa, sancionada em 2010, prevê inelegibilidade de oito anos para condenados por corrupção, lavagem de dinheiro, abuso de poder econômico ou político e crimes contra a administração pública. No entanto, o uso seletivo da legislação levanta questionamentos sobre sua aplicação.

O que se observa, mais uma vez, é a falta de debate honesto. Camila Jara e outros opositores não se preocupam em interpretar corretamente as declarações de Bolsonaro, desde que possam usá-las como munição política. O diálogo foi substituído por narrativas convenientes – e, ao que parece, criticar Bolsonaro segue sendo uma prioridade para a esquerda, mesmo que isso signifique deturpar os fatos.

OUTRAS NOTÍCIAS

VEJA MAIS