(David Ayala, Graduando em Letras/Português)
Recentemente no Brasil, vivenciamos uma onda de cancelamentos, principalmente no campo das ideias e, é aí que os ditos “defensores da liberdade”, com os argumentos sobre defender um bem maior, saem em defesa do combate de assuntos como as Fake News, ao machismo, a homofobia, a intolerância, ao preconceito, utilizam dessas problemáticas para exercerem a tirania do silenciamento das vozes que se expressam de maneiras diferentes.
O crime do pensamento, descrito por George Orwell no clássico da literatura, em seu livro 1984, retrata sobre a criação de um órgão do partido comandado pelo Grande Irmão, em que há o Ministério da Verdade, lugar onde o partido monitora e dita o que é verdade ou não, partindo do princípio de mudança das palavras para que haja novas condutas e novos conceitos.
Por si só, essa ideia parece muito distante da realidade, algo que acontece somente em filmes de ficção, livros e histórias de distopia como citado acima. Ademais, no governo atual tramita a criação da Procuradoria Nacional da Defesa da Democracia pela (AGU) Advocacia-Geral da União, em suas respectivas funções é o “enfrentamento à desinformação sobre políticas públicas” seria uma tentativa de criar um Ministério da Verdade? O questionamento a se fazer é o seguinte, quem vai dizer o que é verdade ou mentira? O Estado? Os agentes políticos? Ou os órgãos estatais? Com o avanço da internet houve uma grande expansão de informações, claro que ocorrem inúmeras mentiras, porém em minutos as pessoas podem se informar a respeito de qualquer assunto, ou os agentes do estado pensam que o cidadão comum não tem a capacidade cognitiva o suficiente de pesquisa?
A partir desse contexto, apontamos as constantes distorções nos debates ocorridos no Brasil, tanto no parlamento, quanto na sociedade, e em programas televisivos, rádios e universidades, com debates rasos, cheios de achismos e enaltecendo o discurso politicamente correto, nesses ambientes não se podem dizer certas posições.
Na câmara dos deputados por exemplo, em tese há a “imunidade parlamentar” para com os deputados que são protegidos, civil e penalmente em palavras e ações, conforme a emenda constitucional no ART-53, porém mesmo assim os nobilíssimos deputados mais à direita são calados de forma arrogante pelos deputados à esquerda, Nikolas Ferreira é quem o diga, mesmo sendo o Dep. Federal mais votado do Brasil (PL)-MG, não pode se expressar, quiçá um cidadão comum, percebe-se, no entanto, a tentativa de colocar em prática o selo do ministério da verdade.
Faz-se necessário a retomada de uma guerra silenciosa, ao citar um pensador ferrenho da liberdade que afirma “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-las” – Voltaire, trazemos à tona algo que é inegociável: A liberdade de expressão!
Correções/Adaptações: Aline Paiva Lopes, Bacharel em Psicologia