O dólar iniciou esta sexta-feira, 29, com forte alta, alcançando R$ 6,11, após o anúncio de um pacote de medidas fiscais pelo governo federal. A moeda norte-americana reagiu negativamente à incerteza gerada pelas ações fiscais propostas pelo governo Lula, refletindo as preocupações dos investidores com o cenário econômico brasileiro.
O impacto no mercado financeiro foi acentuado pelas medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na quinta-feira, 28. O pacote inclui uma redução de R$ 70 bilhões em gastos públicos nos próximos dois anos, com a previsão de um corte de R$ 327 bilhões até 2030. Entre as áreas afetadas, estão o salário-mínimo, programas sociais e aposentadoria de militares, além de ajustes nas emendas parlamentares.
Embora o corte de R$ 70 bilhões tenha sido inicialmente visto de forma positiva, a medida que causou maior apreensão foi a isenção do Imposto de Renda para pessoas com rendimentos de até R$ 5 mil. Esse benefício terá um custo fiscal estimado de R$ 35 bilhões, gerando dúvidas sobre a real eficácia do pacote de austeridade. Para tentar equilibrar as contas, o governo propôs a criação de uma alíquota progressiva de Imposto de Renda para os mais ricos, que pode chegar a 10% para aqueles com rendimentos superiores a R$ 50 mil mensais.
Além das incertezas fiscais, o mercado reagiu também aos dados de emprego divulgados pelo IBGE, que mostraram uma queda na taxa de desemprego para 6,2% no trimestre encerrado em outubro, o menor índice registrado até o momento.
No ambiente financeiro, o Ibovespa também refletiu a cautela dos investidores, registrando queda. Às 10h15, o dólar já subia 2%, cotado a R$ 6,10, alcançando uma máxima de R$ 6,11. Na véspera, a moeda havia subido 1,30%, fechando a R$ 5,98. Com isso, o dólar acumula uma valorização de 3,02% na semana, 3,59% no mês e expressivos 23,42% no ano.