“”Esse maléfico e novo populismo digital extremista evoluiu na utilização dos mesmos métodos utilizados nos regimes nazista e fascista no início do século 20”, afirmou Moraes. Para ele, a necessidade de regulamentação é “urgente”
Em cerimônia realizada nesta segunda-feira (8), no Senado Federal, para relembrar os atos do 8 de janeiro de 2023, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, aumentou o tom contra os supostos “populistas digitais extremistas” e defendeu a urgente regulamentação das redes sociais para “proteger a democracia”. O magistrado, que é responsável atualmente pela maior parte da censura sofrida por políticos e influenciadores conservadores na internet, afirmou que a Internet livre é, atualmente, o “maior instrumento de poder e de corrosão da democracia”.
“Hoje é o momento de olharmos para o futuro e reafirmarmos a urgente necessidade de neutralização de um dos grandes perigos modernos à democracia: a instrumentalização das redes sociais pelo novo populismo digital extremista. A necessidade da edição de uma moderna regulamentação como vem sendo discutida no mundo todo”, disse o ministro. “As recentes inovações em tecnologia da informação, o acesso universal às redes sociais, o agigantamento das big techs, amplificado em especial com o uso da inteligência artificial, essas recentes inovações potencializaram a desinformação premeditada e fraudulenta, amplificaram os discursos de ódio e antidemocráticos“.
Cercado de políticos, ministros e representantes de todos os Poderes, inclusive do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Moraes foi amplamente aplaudido durante o discurso e principalmente a cada nova ameaça de restrição das redes no Brasil. E continuou, demonstrando preocupação inclusive com as eleições do país:
“A ausência de regulamentação e a inexistente responsabilização das plataformas somadas à falta de transparência na utilização da inteligência artificial e dos algoritmos tornaram os usuários suscetíveis à demagogia e à manipulação política, possibilitado a livre atuação desse novo populismo digital extremista e de seus aspirantes a ditadores. A preocupação com a captura furtiva da vontade do eleitorado é um problema atual discutido não só no Brasil, mas em todas as democracias. É necessário maior transparência dos critérios utilizados neste direcionamento de mensagens para evitar manipulaçòes e redução dos riscos para a democracia”.
O ministro do STF, alvo de uma série de pedidos de impeachmente engavetados no Senado, comparou a atuação livre nas redes sociais de “nazismo” e “fascismo” e defendeu a grande mídia: “Esse maléfico e novo populismo digital extremista evoluiu na utilização dos mesmos métodos utilizados nos regimes nazista e fascista no início do século 20, com o aprimoramento da divulgação de notícias fraudulentas, com patente corrosão da linguagem na substituição da razão pela emoção no uso de massiva desinformação, no ataque e tentativa de destruição da imprensa livre, da mídia séria e da Justiça”.
O discurso foi longo. Em várias ocasiões, Moraes usou o termo “novo populismo digital extremista” para classificar quem critica a atuação do Judiciário ativista e da mídia militante e chamou toda opinião discordante de “desinformação”. O ministro admite mais de uma vez que a atuação dessa massa nas redes sociais é bastante significativa e, portanto, “perigosa” supostamente para a democracia — ou melhor, para a esquerda. “Esse novo populismo digital organizou sua máquina de desinformação com a criação de milícias digitais que vêm atuando sem restrições nas redes sociais, ferindo não só a democracia, mas a dignidade das pessoas, causando o aumento de mortes de adolescentes por bullying digital“, disse, nesse último ponto talvez fazendo referência ao caso da Choquei (leia mais aqui).
“Nós, democratas, não podemos compactuar com a ausência dessa regulamentação. Nós precisamos regulamentar o maior instrumento de poder e de corrosão à democracia hoje existente, que é a desinformação via redes sociais. Não podemos ignorar o poder político das redes sociais como o mais novo e eficaz instrumento de comunicação de massa e desinformação massiva pelas práticas desses grupos extremistas”, continuou. E concluiu” “Tenho absoluta certeza que na defesa incansável à democracia saberemos aprender as licões do passado, aplicando-as no presente e evitando que novas tentativas de golpe ocorram no futuro”.