A fala proferida pelo ministro Luís Roberto Barroso sobre “vencer o bolsonarismo” repercutiu de forma negativa dentro do próprio Supremo Tribunal Federal (STF). Nos bastidores, ministros criticaram o tom político do colega ao discursar, na quarta-feira 12, na cerimônia de abertura do congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Brasília.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, alguns ministros lamentaram a postura de Barroso. Conforme afirmaram, a fala dele contra um espectro da política nacional prejudica a imagem da Corte. “Inoportunas” e “ativismo judicial” foram, por exemplo, algumas das definições de integrantes do STF em relação à fala relacionada ao bolsonarismo. Apesar disso, os membros do Supremo teriam selado um pacto: não criticar de forma pública a declaração de Barroso.
As críticas de ministros do STF em direção a Barroso foram feitas sob a condição de anonimato. Ou seja, o jornal não publicou os nomes dos que se manifestaram contra um dos integrantes da Corte. A publicação apenas ressaltou que Cristiano Zanin, ex-advogado pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e recém-nomeado para ocupar cadeira na Corte, foi um dos poucos que não se posicionaram a respeito nos bastidores do Judiciário brasileiro.
Mas quem se manifestou de forma pública foi um ex-integrante do Supremo. E com críticas diretas a Barroso. De acordo com o ex-ministro Marco Aurélio Mello, não cabe a nenhum órgão da Justiça derrotar quem quer que seja. “Só posso atribuir isso a um ato falho do ministro, porque nós não derrotamos ninguém, principalmente o STF, que é a última trincheira da cidadania”, ressaltou o magistrado.
Barroso, a “vitória sobre o bolsonarismo” e as críticas fora do STF
Desde que afirmou, no evento da UNE, que “vencemos o bolsonarismo”, o ministro Luís Roberto Barroso passou a ser alvo de críticas dentro e fora do STF. Juristas e parlamentares da oposição ao governo Lula reclamaram do tom político da declaração do magistrado. Até o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), lamentou a frase dita por Barroso. “Inoportuna e infeliz”, definiu Pacheco.