O Ministério da Justiça tem 185 câmeras de segurança, mas o ministro Flávio Dino entregou as imagens de apenas quatro delas à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. A informação foi publicada na edição desta sexta-feira, 1º, pelo jornal O Estado de S. Paulo.
As imagens de duas câmeras tinham sido disponibilizadas à CPMI na semana passada e as de outras duas foram entregues na noite de quinta-feira 31. Essas novas imagens mostram em cena Ricardo Capelli, nomeado ainda em 8 de janeiro, interventor de segurança pública do Distrito Federal.
Sobre as 185 câmeras, o Estadão informa que esse número consta de documentos internos do ministério, como o contrato com a empresa responsável pelo sistema de vigilância. Na terça-feira 29, agentes da Polícia Federal disseram a emissoras de televisão que as imagens do dia 8 de janeiro foram apagadas. Isso porque o sistema manteria o arquivo por cerca de duas semanas.
Depois disso, Dino também falou sobre as imagens apagadas. Segundo ele, o sistema de vigilância do Palácio da Justiça tem capacidade de armazenamento limitada a menos de 30 dias. O ministro disse que isso está previsto no contrato com a prestadora de serviços de manutenção do circuito de câmeras.
Mas até agora não explicou por que, considerando a gravidade dos fatos, não armazenou desde logo todas as imagens. Ao Estadão, o Ministério da Justiça afirmou que as “autoridades” selecionaram e preservaram apenas as imagens importantes. “As imagens consideradas importantes pelas autoridades competentes para os inquéritos em curso foram preservadas.”
Imagens de 180 câmeras foram perdidas
O Estadão informa, no entanto, que o sistema em operação no Ministério da Justiça tem capacidade de recuperação de imagens gravadas em dias passados. E, ao contrário do que alega Dino, o contrato com a empresa de manutenção das câmeras de circuito fechado de TV não especifica o tempo que as imagens devem permanecer preservadas até que possam ser apagadas automaticamente.
Segundo ele, “todas as imagens que existem foram entregues”, ou seja, gravadas pelas quatro câmeras. As das outras 180 foram perdidas. “Há um contrato sobre as regras de conservação dessas imagens. Havia imagens preservadas, porque estavam em inquéritos. A PF foi lá, no começo de fevereiro, e levaram as imagens”, afirmou Dino à GloboNews, na quinta 31.