A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), autora de um projeto de lei que propõe a legalização do cigarro eletrônico no Brasil, enfrenta questionamentos após a revelação de que sua viagem à Itália, em maio deste ano, foi patrocinada pela Philip Morris, uma das maiores empresas de tabaco do mundo. A informação foi divulgada pela Revista Piauí e reforçada pelo Top Mídia News.
Durante a viagem, Soraya visitou a fábrica da Philip Morris em Bolonha, onde acompanhou todo o processo de produção dos cigarros eletrônicos, desde a trituração das folhas de tabaco até o empacotamento final. A senadora, que defende os vaporizadores como uma alternativa menos prejudicial ao organismo em comparação aos cigarros tradicionais, afirmou estar impressionada com a estrutura da empresa e declarou que “os cigarros eletrônicos são o futuro”.
No entanto, o financiamento da viagem levanta dúvidas sobre possíveis conflitos de interesse, já que a Philip Morris tem grande interesse na aprovação do projeto de lei em tramitação no Senado. Questionada, a empresa afirmou que a viagem foi organizada pela Câmara de Comércio Italiana de São Paulo (Italcam). O vice-diretor da Italcam, Alfredo Pretto, não quis comentar sobre o patrocínio, enquanto Cássio Cunha Lima, ex-senador e lobista da Philip Morris, também se recusou a falar sobre o assunto, alegando restrições contratuais.
Contexto e Controvérsia
A Anvisa proíbe a comercialização de cigarros eletrônicos no Brasil desde 2009, alegando que o produto é nocivo à saúde e causa dependência. Estudos científicos recentes continuam a reforçar esses alertas. Apesar disso, a indústria tabagista promove os vaporizadores como uma alternativa menos prejudicial e busca apoio político para regulamentá-los no país.
O projeto de Soraya Thronicke reacendeu o debate sobre os impactos dos cigarros eletrônicos na saúde pública, bem como sobre os limites éticos do financiamento de viagens e eventos envolvendo políticos. A senadora afirmou que os dispositivos representam um avanço econômico e social, enquanto críticos apontam que a medida beneficia diretamente a indústria do tabaco.