O dinheiro de obras e serviços fictícios era utilizado para comprar imóveis para o então prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD) e sua família, aponta denúncia que originou a Operação Cascalhos de Areia.
A operação foi deflagrada dia 15 da semana passada pelo Ministério Público Estadual (MP-MS) e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
As informações são do site MS em Brasília, com base em matéria do Campo Grande News.
Os contratos começaram a ser feitos em 2018, no valor de R$ 4.150.988,28 para cascalhar ruas da região do Prosa em Campo Grande, Jardim Noroeste e Chácara dos Poderes, principalmente. Atualmente, o serviço fictício já está em R$ 24.705.391,35.
As investigações mostraram que obras e serviços contratados eram de fachada, segundo o denunciante do esquema. Os imóveis, de acordo com a denúncia, eram comprados em nome de laranja, dono da AL dos Santos LTDA, cuja empresa também seria do ex-prefeito.
Ainda em 2018, diz o denunciante, foi contratada apenas uma pá carregadeira por uma semana para que o fiscal do contrato tirasse fotos, mas que o valor do serviço foi usado para compra de imóveis.
O caso foi relatado às 29ª e 31ª Promotorias de Justiça, dos promotores Adriano Lobo Rezende e Humberto Lapa Ferri, respectivamente, que identificaram a falta de serviços de cascalhamento na região do contrato, e assim, forte indício de corrupção. Para as buscas e apreensões de ontem, pedido foi feito à 5ª Vara Criminal, que negou.
O caso então foi levado à 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça e o desembargador Zaloar Murat Martins de Souza acatou a pretensão ministerial em 1º de junho, liberando a operação. Além da AL dos Santos LTDA, também venceu licitação para outras regiões que não receberam cascalhamento, a empresa Engenex Construções, que também foi alvo da Cascalhos de Areia.
Na mesma licitação, a Engenex ganhou dois lotes, mas nas regiões do Imbirussu e Lagoa. Na primeira, o contrato de R$ 2.331.229,37 já está em R$ 14.542.150,59 e na segunda, de R$ 3.448.107,58 saltou para R$ 22.631.181,87. A ação de busca e apreensão não detalha em qual dos contratos haveria suspeita de desvio.
Caos financeiro
Ao renunciar ao cargo de prefeito em abril de 2022 para disputar o Governo do Estado, Marquinhos Trad deixou a Prefeitura de Campo Grande à beira da insolvência financeira. Além disso, a sucessora Adriane Lopes (PP) recebeu o município com o maior comprometimento das receitas entre as 26 capitais.
Trad também deixou o município na iminência de gastar mais do que arrecada, cujo comprometimento atingiu 97,75% da receita corrente líquida. A cidade também teve a situação fiscal reprovada desde a posse de Marquinhos, em janeiro de 2017.
Crimes sexuais
Em janeiro de 2023, o ex-prefeito Marquinhos Trad virou réu por crimes sexuais contra 7 mulheres. A juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal de Campo Grande, aceitou denúncia do Ministério Público.
O político foi denunciado pelos crimes de assédio sexual (1 vítima), importunação sexual (3 vítimas) e por favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual (3 vítimas).